18.8.08

MARCO DOUTRINAL

MARCO DOUTRINAL
“Depois de ter dedicado sua inteligência e sua energia para tirar partido dos recursos do meio ambiente e para dominar a natureza, o ser humano deve adquirir a sabedoria que permita utilizar esse poder de maneira benéfica eqüitativa”.
Daniele Blondel
Está na interdependência das atividades humanas a possibilidade da sociedade ideal. O desafio é colocar a ciência e a tecnologia a serviço da humanidade numa perspectiva de solidariedade das e nas instituições de todo o tipo, a fim de humanizar, pacificar e fortalecer uma nova ética nas relações de produção. É pautar-se no desenvolvimento sustentável das e pelas nações. Construir princípios e valores em fóruns mundiais que sirvam de regra de fé para caracterizar a raça humana respeitando, divulgando e valorizando as diferenças culturais dos diversos povos como patrimônio cultural mundial. Trata-se de traçar direitos e obrigações sociais relacionadas às necessidades básicas fisiológicas e de segurança versadas em leis universais, aplicáveis e adaptáveis em todas as sociedades e cumpri-las de fato e de direito.
A Educação é um veículo que carrega pela frente esse desafio de contribuir para reagir às conseqüências deixadas a esta geração pela evolução técnica e pela evolução das ciências e das idéias:
A automação que dividiu o trabalho entre o operário e a máquina gerando a queda do emprego.
O deslocamento do papel do homem tendo que reagir ao imprevisto.
A mudança na divisão internacional do trabalho e a globalização crescente da economia principalmente no que tange a formação de mão-de-obra.
A inovação e a flexibilidade como ferramentas para enfrentar a concorrência.


Inevitavelmente essas mudanças na sociedade remetem a uma educação voltada para a renovação das competências requeridas para o trabalho; o espírito crítico em todos os níveis; a capacidade de utilizar o conhecimento para a solução de problemas; emprego de linguagens diversas; raciocínio e capacidade de comunicar e trabalhar em equipe; adaptabilidade para reagir a imprevistos do cotidiano e/ou enfrentar mudanças técnicas e organizacionais. Tudo isso considerando o recurso humano como capital intelectual mundial que precisará de formação contínua. E onde o desafio começa? No espaço da escola, instituição reconhecida socialmente para ensinar o indivíduo social, dito cidadão, a aprender. Em função de quê? De necessidades e previsões baseadas em tendências mundiais. Ver e antever passam a ser tarefa das instituições que abrigam os sonhos e perspectivas das pessoas que nela atuam. Na escola as pessoas são funcionários administrativos e de apoio, alunos, professores, diretores e a comunidade que buscam o conhecimento e/ou acolhimento para suas necessidades mais íntimas.
Quais deverão ser os parâmetros filosóficos do CIEP Brizolão 252 para trabalhar a inteligência e a energia dos alunos e das pessoas de maneira que adquiram sabedoria de tal forma humanizada e competente que possa com eqüidade contribuir para a qualidade de vida terrena numa visão globalizada de mundo? Como a comunidade escolar interpreta a ampla palavra vida?

O grande desafio dessa questão é como a escola poderá conceber a educação e o significado da vida num mundo que absorve um modelo que prepara um tipo de ser humano cujo principal interesse é procurar a segurança, tornar-se pessoa importante ou viver confortavelmente e com o mínimo de reflexão. É senso comum afirmar que a expressão “luta pela vida” passa pela noção de esforço empregado para obter sucesso, pelo desejo de recompensa, tanto na esfera material quanto na esfera espiritual. Existe uma constante “batalha” na busca pela segurança interior e exterior que termina por comprometer a espontaneidade, gerando temor e impedindo a compreensão inteligente da vida.
“Se somos educados apenas para nos tornarmos pessoas eminentes, para conseguirmos melhores empregos, para sermos mais eficientes, para exercermos domínio mais amplo sobre os outros, em tal caso nossas vidas serão superficiais e vazias. Se somos educados, apenas para sermos cientistas, eruditos casados com seus livros, ou especialistas devotados à ciência, estaremos então contribuindo para a destruição e a desgraça do mundo.
Se a vida tem significado mais alto e mais amplo, que valor tem nossa educação se nunca descobrimos esse significado?”
Krishnamurt
A grande preocupação desta escola é unir dois pólos opostos que sem os quais fracassará em sua missão: Despertar a inteligência integral do aluno; apresentar-lhe padrões de seletividade no mercado da educação e trabalho; dialogar com o mundo produtivo e individual sem renegar o interesse coletivo; apresentar o conteúdo socialmente acumulado exigido em avaliações externas; introduzir a crítica social dos conteúdos, a integração, a essência afetiva necessária às interações pessoais e a compreensão de si mesmo. A função desta escola será a de criar entes humanos e inteligentes, mas também mecanicamente eficientes para fins de inserção no mercado. Será a de considerar que a inteligência não é meramente a cultura intelectual dos livros, mas a capacidade de perceber o essencial para si e para os outros. Será o de ajudar a descobrir os valores perenes, ajudar a derrubar fronteiras sociais, proporcionar espaços para a criação e reflexão contextualizadas, despertar no intelecto a capacidade de inovar.
Esta escola espera gerar um clima organizacional que favoreça a formação de um cidadão que possua ferramentas para assumir a vida produtiva buscando perceber novas tendências; um indivíduo que busque educar-se e atualizar-se continuadamente; um ser humano que tenha uma práxis de construção de uma sociedade melhor para todos.